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Foto do escritorSandra Abrantes

Seremos verdadeiramente livres?

Atualizado: 25 de abr.

50 anos após o 25 de Abril


Comemoramos este ano os 50 anos de um marco histórico em que foi proclamada a liberdade. Liberdade de expressão, de reunião e associação. Liberdade de criação artística, liberdade de voto e compromisso com a vida política. Liberdade de as Mulheres serem mais independentes na sua vida pessoal e na vida social.


Ficou definido na Constituição o princípio da igualdade entre direitos de Homens e Mulheres, defendendo que todos poderíamos ser livres.


O que celebramos na verdade, ao relembrar o dia de 25 de Abril de 1974, é a audácia daqueles que levaram a cabo a revolução, do povo que veio para as ruas e que decidiram vencer o medo imposto por uma ditadura, em prol da defesa dos seus direitos. Dos ditos direitos, liberdades e garantias de qualquer ser humano.


Porém questiono-me hoje se seremos verdadeiramente livre? Questiono-me ainda mais ainda se o rumo que a evolução social - aliada à tecnológica - tem tomado é no sentido da liberdade ou do aprisionamento.


A maior opressão existe dentro de nós. Talvez a liberdade interna fosse maior em tempos de ditadura do que aquela que é hoje.


O que é realmente a liberdade? O que faz de nós seres verdadeiramente livres?


1. Conhecimento


Quanto mais conhecimento tivermos mais livres seremos. É o conhecimento, espoletado muitas vezes pela curiosidade, que nos abre os horizontes, que nos traz mais opções, que nos faz questionar, que nos faz reflectir, que nos dá mais confiança para poder decidir.


No conhecimento existem duas vertentes: o conhecimento “externo” que se aprende através dos livros, dos filmes, etc. e o conhecimento “interno” que se depreende através da vida, dos acontecimentos e situações com que nos deparamos na nossa vida e que nos fazem evoluir.


Ambos são fundamentais para alicerçar a nossa Liberdade. Ambos requerem curiosidade e estudo, pesquisa, reflexão, tempo, dedicação e energia.


Sem conhecimento externo ficaremos dependentes de terceiros para tudo, ficaremos presos na nossa ignorância. Sem conhecimento interno ficaremos aprisionados em nós mesmos, angustiados e frustrados.


2. Coragem


Na sociedade em que vivemos a Liberdade não nos chega por si só.


Acredito que possamos evoluir num outro sentido mas actualmente ainda vivemos, maioritariamente, numa sociedade que castra a nossa liberdade através da domesticação do ser humano consoante o que é “certo” e “errado”, consoante o que é socialmente aceite ou condenado.


Assim, lutar pela nossa liberdade, de sermos quem realmente somos ou queremos ser requer audácia, coragem e bravura. Uma das imagens que nunca me saiu da cabeça foi a bravura do William Walace a gritar pela LIBERDADE.


Trata-se no fundo de uma coragem de vencer o medo. Vivemos movidos pelo medo - medo do fracasso, medo da solidão, medo de não ter reconhecimento, medo de não ser aplaudido, medo da morte, medo por vezes de nós próprios.


O maior exemplo recente do quão vivemos na energia do medo foi a paralisação mundial por causa do covid. Em poucos dias foi possível paralisar a população do planeta Terra dizendo-lhe que poderiam morrer. Vacinaram quase 90% da população sem ter sequer um estudo cientifico que demonstrasse a eficácia da vacina e os seus efeitos colaterais. Estamos de tal forma desenraizados que nos colocamos premiáveis a ser controlados e dominados pelo medo.


Outro exemplo é perceber subliminarmente o medo que ainda persiste nas Mulheres. Há 50 anos disseram-nos que teríamos os mesmos direitos que os Homens. 50 anos é muito pouco para apagar ou transformar as centenas de anos em que as Mulheres foram queimadas, torturadas, violentadas, discriminadas e afastadas da sociedade. É muito pouco para apagar a dor do inconsciente colectivo. Vemos hoje Mulheres com uma energia muito forte, trabalhadoras, em grandes cargos, com bons ordenados, independentes, aparentemente livres... cheias de medo. A maior parte nem se apercebe, mas o medo existe. Nos divórcios o medo, a culpa, a crença do não merecimento torna-se evidente.


Etimologicamente, “coragem” tem origem latina da palavra “coração”. Trata-se pois de agir com o coração, agir pulsados pelo Amor, com o fluxo que vem de dentro. Apenas este poderá afastar o Medo.


3. Estimular o Amor


O Amor é a única força que nos poderá afastar do Medo. Que nos fará ter coragem. Que nos fará avançar, mesmo sentido medo.


Há já muitos anos que o Amor passou para um segundo plano, que o Amor é reprimido.


Na sociedade actual não se criam condições para amar. Estimula-se a competitividade a todo o custo, o que nos afasta uns dos outros, estimula-se o individualismo, a separação, o distanciamento entre seres humanos.


O toque, o beijo, o abraço e a intimidade oscila entre a leviandade e os avatares.


Procuramos essencialmente cumprir métricas de ser uma boa Mãe / Pai, um bom trabalhador / empregador, um bom filho / filha, um bom amigo / amiga, um bom/ boa marido/mulher, esquecendo-nos de falar com o coração.


Temos dificuldade em amarmos a nós próprios, de forma inteira e completa, despidos de máscaras. Somos o nosso principal julgador. Somos exigentes connosco e com os outros. Temos pouca empatia.


Precisamos urgentemente de estimular o amor e de nos voltarmos a unir.


4. Responsabilidade


Liberdade requer sermos adultos. Por muito que os bébés / crianças tenham uma maior liberdade interna, não têm liberdade “externa” - dependem dos adultos, cuidadores para tudo.


Sermos inteiramente livres pressupõe assumirmos a responsabilidade pelas nossas escolhas, mesmo que a escolha seja a de não fazer nada.


Ficarmos no lugar da criança ou da vítima retira-nos a oportunidade de sermos livres porque dependemos sempre do poder do outro.


Assumirmos a responsabilidade por tudo o que criamos ou por aquilo que atraímos, quer seja luminoso quer seja sombrio, é a única forma de nos sentirmos empoderados para (re)construir a nossa liberdade.


5. Criatividade


A criatividade é o poder de criação. A maior criação é a do nosso próprio SER.


Procurar alternativas, experimentar soluções que nunca experimentamos antes, ser inovador, empreendedor é uma característica que facilitará a criação de um ser livre numa sociedade que ainda aprisiona.


Que daqui a 50 anos possamos celebrar o sabor da liberdade interna.





Sandra Soares Abrantes

Advogada & Terapeuta


(+351) 911167954

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